ATA DA SEXTA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 23.01.1997.

 


Aos vinte e três dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Garcia, Clovis Ilgenfritz,  Eliseu Sabino,  Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa,  João Dib, Juarez Pinheiro,  Paulo Brum e Renato Guimarães, Titulares e João Carlos Nedel,  Suplente. Ainda, durante a presente Reunião, responderam à chamada os Vereadores  Isaac Ainhorn José Valdir, Maria do Rosário e Nereu D'Ávila, Titulares;  Cláudio Sebenelo e Cyro Martini, Suplentes. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Atas da Quinta Reunião Ordinária da Primeira Comissão Representativa, que foi aprovada. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 23, 25, 26, 27 e 28/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 01/97, do Vereador Luís Carlos Winck, Presidente da Câmara Municipal de Passo do Sobrado/RS; 01/97, do Vereador Sérgio Roni Bruning, Presidente da Câmara Municipal de Mata/RS; 01/97, do Vereador João José Garcia Medeiros, Presidente da Câmara Municipal de Capão do Leão/RS; 01/97, do Vereador Adão Andrade Porto, Presidente da Câmara Municipal de Piratini/RS; 01/97, do Vereador Zoraido Silva, Presidente da Câmara Municipal de Caxias do Sul/RS; 01/97, do Vereador Léo José Simon, Presidente da Câmara Municipal de Nova Boa Vista/RS; 01/97, do Vereador Adão de Oliveira, Presidente da Câmara Municipal de Nova Hartz/RS; 01/97, do Vereador Paulo Salvi, Presidente da Câmara Municipal de Garibaldi/RS; e 01/97, do Vereador Carlos Rizzotto, Presidente da Câmara Municipal de Gentil/RS. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Fernando Záchia, 01 Pedido de Informações nº 04/97 (Processo nº 290/97); pelo Vereador João Dib, 01 Pedido de Informações nº 03/97 (Processo nº 270/97). A seguir, constatada a existência de "quorum",  foi iniciada a ORDEM DO DIA.  Foi aprovado o Requerimento nº 03/97 (Processo nº 029/97), de autoria da Vereadora Maria do Rosário.  Foi rejeitado o Requerimento nº 012/97 (Processo nº 366/97), de autoria do Vereador Antonio Hohlfeldt, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Adeli Sell, João Dib e Cláudio Sebenello. Foi  rejeitado o Requerimento nº 13/97 (Processo nº 372/97),  de autoria do Vereador Gerson Almeida, por cinco Votos NÃO e três ABSTENÇÕES,  após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib, Fernando Záchia, Carlos Garcia e Gerson Almeida e ser submetido à votação nominal por solicitação do Vereador Clovis Ilgenfritz, tendo votado Não os Vereadores Carlos Garcia, Sabino, Fernando Záchia, Guilherme Barbosa e João Dib e optado pela Abstenção os Vereadores Adeli Sell, Juarez Pinheiro e Maria do Rosário. Na ocasião,  os trabalhos estiveram suspensos por dez minutos, nos termos regimentais, e o Senhor Presidente respondeu Questão de Ordem da Vereadora Maria do Rosário, acerca da possibilidade de realização de Sessão Especial durante o período de recesso parlamentar, dizendo que, durante este período,  poderão ocorrer reuniões extraordinárias.  Em prosseguimento,  foi aprovado o Requerimento nº 14/97 (Processo nº 376/97), de autoria do Vereador Guilherme Barbosa, por dez votos SIM e  um voto NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib, Fernando Záchia e Juarez Pinheiro e submetido à votação nominal por solicitação do Vereador Clovis Ilgenfritz, tendo votado Sim os Vereadores  Adeli Sell, Carlos Garcia, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário e  Renato Guimarães e  votado Não o Vereador João Dib. A seguir, o Senhor Secretário procedeu à leitura de Parecer da Procuradoria da Casa relativo à  decisão adotada pela Presidência na reunião  do dia vinte e dois de janeiro do  corrente, de conceder a palavra em encaminhamento de votação a Vereador  suplente da Comissão Representativa. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Juarez Pinheiro reportou-se à manifestação feita anteriormente pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, alusiva à desafetação de área da Vila Jardim,  na zona norte de Porto Alegre. Louvou o encaminhamento ao Senhor Prefeito Municipal, pela Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, de relatório dispondo sobre o cumprimento da Lei nº 7494, que trata da obrigatoriedade de instalação de portas de segurança nas agências bancárias de Porto Alegre. O Vereador João Dib congratulou-se com a Vereadora Maria do Rosário, por fiscalização que vem exercendo quanto ao cumprimento, em Porto Alegre, da Lei 7494. Comentou Ofício recebido da Secretaria Municipal dos Transportes, em resposta a questionamentos feitos sobre a legalidade de  parada de lotações localizada no Viaduto Loureiro da Silva,  lamentando as dificuldades encontradas na busca de contatos com o Executivo Municipal. O Vereador Guilherme Barbosa teceu considerações acerca de matéria publicada no jornal Zero Hora, dia dezoito do corrente mês, sobre os  serviços prestados pela Companhia Estadual de Energia Elétrica. Criticou a forma como é feita a divulgação, por parte do Governo do Estado, das obras da usina hidrelétrica de Machadinho. Finalizando, discorreu sobre a situação tecnológica e financeira que hoje vive a Companhia Riograndense de Telecomunicações. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib  criticou os gastos do Executivo Municipal com campanhas publicitárias, afirmando que muitas delas contém dados imprecisos e mesmo enganosos. O Vereador Nereu D'Ávila falou sobre a proposta de cercamento do Parque Farroupilha, discorrendo sobre as discussões atualmente feitas a esse respeito e atentando para a necessidade de preservação do patrimônio público. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos Garcia, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Nereu D'Ávila, a respeito do cercamento do Parque Farroupilha, ressaltou a importância dos debates hoje observados quanto ao assunto. Referiu-se ao problema dos incêndios na cidade, que são agravados pela falta de hidrantes e pela precariedade dos equipamentos do Corpo de Bombeiros. Na ocasião, por solicitação do Vereador Carlos Garcia, foi  feito um minuto  de  silêncio em memória do técnico Ênio Andrade, recentemente falecido. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell teceu considerações sobre a Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras - CPMF.  Ainda, comentou o crescimento da taxa de desemprego em Porto Alegre e, finalizando, registrou a importância do trabalho desenvolvido pela Secretaria Municipal de Obras e Viação - SMOV - , de fiscalização dos passeios públicos da Cidade.  O Vereador João Carlos Nedel falou sobre os artigos "Ética e Verdade", de autoria do Vereador Adeli Sell, e "A Crise do PT", de autoria do Vereador Hélio Corbellini, publicados na imprensa local. Atentou para a importância do debate, nesta Casa, de questões diretamente ligadas a Porto Alegre, para que possam ser resolvidos concretamente os principais problemas do Município. O Vereador Cyro Martini registrou o transcurso, dia dezenove do corrente mês, de um ano do falecimento do Padre Ângelo Costa, comentando aspectos da vida e do trabalho que este realizou à frente do Santuário de São José do Murialdo. O Vereador Cláudio Sebenelo falou sobre estudo realizado por Comissão Especial desta Casa, acerca do trabalho infantil em Porto Alegre, analisando o panorama nacional nessa área e defendendo a tomada de medidas urgentes e concretas para a solução do problema. Às doze horas e dezessete minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Extraordinária a ser realizada dia vinte e oito do corrente mês, às dez horas. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Guilherme Barbosa , Paulo Brum e Carlos Garcia e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum, Guilherme Barbosa  e Carlos Garcia. Do que eu, Paulo Brum, lº Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Estão abertos os trabalhos desta Sessão.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM  DO  DIA

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento):  Requeiro que na Reunião Representativa da próxima quarta-feira, no período de Comunicações, a discussão seja dedicada à Emenda à reeleição.

 

O SR. PRESIDENTE:  Solicitamos que V. Exª. encaminhe por escrito a fim de que seja considerado.

 

(Foi lido e aprovado Requerimento nº 03/97 da Verª Maria do Rosário  que solicita a realização de Sessão Solene, no dia 03 de abril de 1997, destinada a registrar e homenagear a Campanha da Fraternidade de 1997, cujo tema é “A Fraternidade e os Encarcerados” e tem como lema “Cristo Liberta de Todas as Prisões”.)

Requerimento nº 12/97, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando Moção de Repúdio ao encaminhamento dado pelo PT à situação irregular do Sr. Cândido Vaccarezza na Câmara Municipal de São  Paulo.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ADELI SELL:  Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu apenas lastimo que o Ver. Antonio Hohlfeldt não esteja presente neste momento importante para um debate sobre o comportamento , da conduta, a ética dos partidos políticos e sobre a conduta dos indivíduos.

Esse é um debate que eu gosto de fazer representando o Partido dos Trabalhadores nesta Casa.

Nós temos uma política nacional de busca constante da transparência administrativa para colocar a possibilidade, a cada cidadão de cada cidade, de verificar o que se passa dentro dos Executivos, das Câmaras de Vereadores, de todos os parlamentos. Não é diferente, não foi diferente, o nosso comportamento sobre o chamado caso Vaccarezza. Não é tradição do PT. Não é o modo petista de agir, o modo petista de trabalhar, fazer com que um cargo de confiança, que, como o próprio nome diz, é de confiança de quem indica, seja utilizado para outros fins que não  para o qual foi indicado. No caso citado, trata-se de uma exceção, de  um equívoco político já reconhecido nacionalmente pelo nosso Partido. E nós, aqui, do Rio  Grande do Sul, cientes das nossas responsabilidades, porque somos governo na Capital, em Caxias do Sul, temos importante espaço na Câmara de Vereadores e em outras tantas Câmaras, sempre temos colocado, e vamos continuar colocando, que os cargos que nos cabem na Casa serão preenchidos através de uma seleção, pois pretendemos que sejam pessoas que tenham uma melhor qualificação para trabalhar para o conjunto de Vereadores desta Casa, para trabalhar pela Câmara de Vereadores. Sabemos que a prática de indicação de pessoas para cargos de confiança que, de fato, não trabalham naqueles cargos para os quais foram indicadas, infelizmente é uma tradição no nosso País. E a exceção do caso Vaccarezza, que já foi exonerado dessa função, foi um equívoco cometido individualmente por ele e pelo nosso Partido; não é regra, nós já reconhecemos, e a melhor forma que existe é a autocrítica, é fazer com que aquilo que está errado seja corrigido. Não  como acontece com certa freqüência. E nós sabemos de inúmeros casos desses. E os partidos e as personalidades que saíram a público para fazer críticas ao PT, deveriam ter a mesma preocupação e fazer um levantamento, fazer críticas aos seus próprios partidos, olhar para si, ver qual é o seu comportamento. Isso não desdiz e não desmerece as cobranças que são feitas a nós sobre este ou qualquer outro caso. Nós não vamos coibir, não vamos dizer que não podem fazer críticas ao Partido dos Trabalhadores. Somos os primeiros a vir de público reconhecer críticas que fazem a nós. V. Exas. verificarão, colegas Vereadores, eu, do Partido dos Trabalhadores, vou sempre estar ouvindo, mais do que atentamente, toda a colocação feita aqui por qualquer vereador, sem preconceito. Lastimo apenas que - volto a frisar - o companheiro Antonio Hohlfeldt não esteja presente para fazermos esse debate, porque o que considero antiético, o que considero que é, de fato, um grande balcão de negociações, é o que o seu Partido está fazendo no Congresso Nacional: barganhando voto a voto, sob pressão direta, às vezes, do Presidente da República, por liberação de verbas e por cargos de confiança, sim,  para votar na reeleição de Fernando Henrique Cardoso. Isso sim, é altamente condenável, e não é uma exceção, não é um caso como foi o caso do Partido dos Trabalhadores. Portanto, vamos, sim, fazer esse debate, faço questão de fazê-lo e, por isso, fazendo a autocrítica, reconhecendo o equívoco, mudando a situação na qual se encontrava Cândido Vaccarezza, nós corrigimos um erro de percurso. Agora, o PSDB não está corrigindo  o seu percurso, pelo contrário, está aprofundando o seu desvio, o seu oportunismo, nesse caso dos cargos em troca de votos, para a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador. )

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, meus cumprimentos ao nobre Ver. Adeli Sell pelo esforço em justificar um fato ocorrido. Existem duas palavras que são muito parecidas: ética e ótica, e penso que possuo as duas.

Eu, com a tranqüilidade de um passado, já recebi muitas ofertas às quais minha ótica e meu sentido ético me diziam que eu não tinha direito. Já me ofereceram assessorias municipais absolutamente legais, e eu não aceitei.

Quando fui Prefeito desta Cidade, a Câmara Municipal - por sua totalidade - me concedeu um aumento de 49 e alguns quebrados por cento. E eu, com minha ótica e com a ética com que faço que meus atos sejam presididos, comuniquei à Câmara que não tinha direito a 49% de reajuste, mas a apenas 40% e só aceitaria esses 40%. Foi-me dito que eu faria um carnaval se a Câmara voltasse atrás, e eu disse: "Não, o carnaval será feito se a Câmara não  voltar atrás". A Câmara voltou atrás e eu recebi 40% de reajuste. É a ética e a ótica.

Foi isso que faltou ao "Seu Vagarezza", que era muito ligeiro - Vaccarezza. Ele deveria ter inteligência e conhecimento bastante para saber que estava recebendo indevidamente. Mas eu não vou julgá-lo, eu não vou endossar a Moção de Repúdio a ele. Porque se eu tivesse que repudiar eu teria que repudiar os que lhe deram, porque também eles sabiam ou deveriam saber que não poderiam dar. Ele, por mim, não está nem condenado nem absolvido, ele está desprezado, como desprezados estão todos aqueles que lhe deram aquilo que ele não tinha direito. Eu, por uma questão de ética e de ótica não aceitei vantagens que me propuseram, às quais eu não tinha direito. É obrigação do homem público saber tudo sobre  a lei, especialmente sobre aquelas que lhe dizem respeito de ordem pessoal. E quem deu também errou, e errou mais até, talvez, do que quem recebeu. Sempre digo, e neste ano digo pela primeira vez, que os dois grandes males deste País são os que falam do que não entendem e os que dão o que não é seu; quem dá o que não é seu também toma o que não é seu. Portanto, não vou votar favoravelmente à Moção contra o Sr. Vaccarezza e Cia., nem ao PT nem a ninguém, não sou juiz deles. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta Moção de Repúdio diz respeito à situação de uma pessoa que, profissionalmente, estava à disposição, que exercia as funções e recebia mensalmente o seu salário, independentemente das funções. Isso, apesar de poder acontecer em qualquer parte, em qualquer partido, em qualquer circunstância, tem de ser registrado - e é isso que farei. Essa pessoa apenas se licenciou da Secretaria do Partido, ela não foi demitida. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento solicitando Moção de Repúdio, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa). Seis votos NÃO, ABSTENÇÃO  do Ver. João Dib. REJEITADO o Requerimento.

Requerimento nº 13/97 do Ver. Gerson Almeida, para que o período de Comunicações da Sessão da Comissão Representativa do dia 29.1.97 seja destinado ao debate sobre reeleição. Em votação. (Pausa.)

O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Em 1977 fui líder da ARENA na Câmara Municipal. Fui Líder de sete Vereadores contra l4, portanto era maioria absoluta, dois terços, não era maioria simples, que seria 11 Vereadores. Mas, havia um respeito muito grande entre todos. Parece que as coisas eram mais fáceis, não havia radicalismos. Não vejo razão de dedicar uma Sessão da Câmara - e não sei se é regimental ou não, não vou discutir -, para discutir a reeleição ou não. Cada Vereador, no exercício do seu mandato, tem o direito de ocupar esta tribuna na Comissão Representativa. Se deseja falar contra a reeleição do Presidente da República, do prefeito, do governador, que o faça, mas não há porquê fazer a Sessão girar apenas em torno da reeleição. E já vou adiantar, façam a votação que quiserem, aconteça o resultado que acontecer, eu vou falar sobre problemas da Cidade, não falarei na reeleição. Tenho a minha posição em relação à reeleição, já a expus aqui nesta tribuna e não tem porque fazer de novo. Não impeço nenhum Vereador de falar sobre a reeleição, pode na fala de um Vereador da Liderança do PT, da maneira que coloque o problema da reeleição, levar os outros Vereadores a falar sobre a reeleição, mas não é correto, não há por quê. E até porque na próxima Sessão o problema da reeleição já estará definido, provavelmente não haja votação agora. Ou se não tiver essa decisão de transferir a decisão, teremos já votada a matéria. Então, que cada um que coloque as suas posições, não force os demais Vereadores ou tente forçar - porque a mim ninguém vai forçar, vou falar sobre problemas da Cidade. Tenho que falar sobre o Dr. Bertotto, por exemplo, e vou falar sobre ele. Vou falar sobre outros problemas que esta Cidade tem, como o da Cristóvão Colombo que há três anos falta pavimentar o trecho entre a Benjamim Constant e a Nova Iorque; pavimentaram mais de dois mil metros e deixaram cento e cinqüenta para trás. Eu acho que é muito mais importante para Porto Alegre falar sobre isso, mas nada impede que cada Vereador coloque a sua posição sobre a reeleição ou não-reeleição, até lembrando que o Lula não quer a reeleição porque ele sabe que para o Fernando Henrique ele perderia, como já perdeu uma vez. Perdedor uma vez, perdedor sempre. E até o meu correligionário Paulo Maluf sabe que ganhar do Fernando Henrique é difícil, então também não quer. É direito de cada um colocar a sua posição. Agora, não forçar ou tentar forçar, porque não tem sentido a proposição do Ver. Gerson almeida. Ninguém impede que se fale sobre reeleição nesta ou na próxima  Sessão. Vou votar contrariamente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Com a palavra o Ver. Fernando Záchia para encaminhar.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, entendo o objetivo, a intenção do Ver. Gerson Almeida. Mas, vejam: vai ser determinado por esta Casa o assunto que nós, Vereadores, vamos ter de falar. Então, nesta Sessão o Ver. Gerson Almeida tem uma preocupação importante: que se fale sobre a reeleição -, ele está determinando que os Vereadores que vierem aqui, nesta tribuna, tenham a obrigatoriedade de falar sobre reeleição.

Somos Vereadores de Porto Alegre. Imaginemos que na véspera daquele dia um grande fato aconteça em Porto Alegre, uma irregularidade administrativa aconteça em Porto Alegre, uma grande irregularidade administrativa aconteça no Governo do Estado do Rio Grande do Sul, e não poderemos falar. Nós teremos obrigatoriamente de falar na reeleição. Oh, somos Vereadores de Porto Alegre ! É importante esse tema? Evidentemente que o é. Mas, nós não podemos fazer com que fiquemos obrigados a falar sobre a reeleição. Eu falo sobre aquilo que eu quiser. Todos os Vereadores têm o direito de falar sobre o que for mais adequado no momento. Não pode esta Câmara estar patrulhando todas as manifestações que nos fizermos.

 Ver. Gerson Almeida , apelo à sensibilidade, à inteligência de V. Exa. para que reformule este Requerimento, para que, talvez, seja priorizado o assunto reeleição no Período das Comunicações. Ora, o Ver. José Valdir, que é um homem que chega na Casa, experiente, sabe que nas Sessões da Comissão Representativa, o único período do Ver. José Valdir é o de Comunicações ou o de Liderança. Não existe outro Período, não existe Grande Expediente, não existe absolutamente nada. O Período de Comunicações são aqueles dez minutos que cada Vereador tem para falar sobre o assunto que entender melhor para o momento, o mais conveniente.

Então, nós não podemos permitir que esta Casa vá definir todo tema a ser discutido, Ver. Gerson Almeida, nós não podemos obrigar. Eu apelo à sua sensibilidade, para que inclua, talvez para que se corrija, que se dê um enfoque principal, mas não que seja o único.  Por que nós estamos sujeitos a ter um grande problema em Porto Alegre -o Ver. Guilherme Barbosa, na semana passada, levantava a questão dos incêndios em Porto Alegre, assunto extremamente oportuno e deu conhecimento de haver uma seqüência de incêndios e o assunto era do momento, o assunto se justificava e as manifestações do Ver. Guilherme Barbosa, certamente, fizeram com que o próprio Governo Estadual comprasse as mangueiras, esta também é a função do Vereador. Nós podemos ter um grande problema no Município de Porto  Alegre - um grande problema no Estado e não vamos poder conversar, vamos ter que esperar até a semana seguinte.

Ora, Srs. Vereadores, isso aqui é mais ou menos dinâmico, não é extremamente dinâmico, porque temos somente duas Sessões por semana. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, em função da fala do Ver. João Dib e Fernando Záchia, sinto-me na obrigação de ler o art. 83, do Regimento, que deixa muito claro que as normas regimentais dos trabalhos da Comissão Representativa são as mesmas que regulam o funcionamento da Câmara e das Comissões Permanentes. Nas Sessões Ordinárias, conforme diz aqui o art. 83, seguidamente, o período de Comunicações é destinado a assuntos específicos. Esta tem sido a regra. As Bancadas, elas podem usar tempo de Liderança, ou as inscrições do dia são usadas para a matéria que for motivo daquela manifestação e os Vereadores que não desejarem usar o seu tempo para aquele tipo de manifestação usam para outro tipo. Então, uma coisa não invalida a outra; agora, estamos tentando interpretar literalmente o Regimento, isso é uma questão política que cabe ao Plenário

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu acho sua colocação absolutamente correta, mas eu desejo deixar muito claro o que eu disse na tribuna, que não discutiria a regimentalidade ou não. Eu apenas não aceitaria ser pautado sobre o que eu deveria falar na próxima Sessão e V. Exa. colocou muito bem.

 

O SR. PRESIDENTE:  Eu agradeço a sabedoria do Ver. João Dib, que sempre contribui com sua crítica e com a sua proposta.

O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós também achamos que este período - nós que estamos exercendo a tribuna pela primeira vez - é um momento ímpar, é um dos poucos momentos em que, ao longo do ano, teremos a oportunidade de, realmente, usar a tribuna mais livremente. Então, nós não concordamos com que, neste momento, nós sejamos tutelados, ou seja, que coloquem assuntos específicos para debatermos. Acho que aqui é o momento de cada um vir à tribuna e fazer o uso da palavra sobre aquele assunto que achar mais pertinente. Por isso, posicionamo-nos contrários ao encaminhamento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Venho à tribuna para esclarecer os óbices que foram colocados em relação ao Requerimento que apresentei em nome da Bancada. Quero dizer que não só não temos condições, como não queremos tutelar a palavra de nenhum Vereador nesta Casa. É natural, o mandato é soberano e deve ser exercido, dentro das normas regimentais, na sua totalidade. Então, eu quero, de pronto, colocar esta questão que foi levantada pelo nobre Ver. João Dib, pelo nobre Ver. Fernando Záchia e, agora, pelo nobre Ver. Carlos Garcia. Na verdade, o que nós estamos fazendo é um Requerimento para que, na Sessão  Representativa da próxima quarta-feira, haja uma indicação para que o tema predominante nas falas, nas colocações, seja o tema mais candente da atualidade nacional, que é o debate sobre a reeleição, que interessa ao conjunto dos partidos, ao conjunto da sociedade civil, para que seja o mais elucidado possível em qualquer decisão que a Câmara tome, inclusive, podendo tomar uma decisão pelo referendo, pelo plebiscito, segundo o próprio Presidente Fernando Henrique Cardoso, que chegou a levantar essa possibilidade.

É natural que esse debate tenha que ser feito previamente de uma forma mais ampla possível para que os parlamentares que vão votar sintam melhor a opinião da população. Desta Tribuna, ao discutir este tema, ontem, vários Vereadores disseram achar que grande parte da população é favorável à reeleição. É uma suposição legítima, natural. Eu posso supor outra coisa. E qual é a melhor maneira de elucidar isso senão esgotando o debate? Então, nobre Ver. Carlos Garcia, Ver. Fernando Záchia, eu gostaria de considerar os seus óbices, as ponderações legítimas de V. Exas., dizer que vamos propor que a Sessão, de quarta-feira que vem, tenha como tema predominante a reeleição. Assim a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, dentro das suas possibilidades, poderá auxiliar a esclarecer, poderá levantar o debate entre as entidades, as instituições, as personalidades públicas  a respeito desse tema que poderá, nos próximos dias, vir a ter um desfecho dentro do Congresso, ou não. O Congresso, se decidir pelo referendo, terá que chamar o conjunto da população e se posicionar, e a nossa responsabilidade como homens públicos, como Vereadores é a de possibilitar um amplo debate com posições a favor ou contra. O importante é debater. Queremos que isso se faça neste espaço enquanto é tempo: depois de votada a Emenda poderá ser tarde.

Levando em conta as considerações que foram colocadas, nós gostaríamos de obter o voto favorável de nossos Pares para que possamos , contra, a favor ou ainda sem posição definida, proporcionar um espaço para essa discussão. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Eu pergunto a V. Exa. se no período de trabalho da Comissão Representativa durante o recesso parlamentar é possível a realização de Sessão Especial.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa vai consultar a Assessoria.

A orientação da nossa Diretora Legislativa é que a Sessão Especial não pode ser feita. Mas, pode ser feita Reunião Extraordinária da Representativa, isto pode ser feito. É a resposta que dou a V. Exa.

A Mesa vai suspender os trabalhos por alguns minutos para que haja conversações, pois a obrigação da Mesa é encaminhar, se há solicitação de suspensão, será feita por alguns minutos, para encaminharmos o assunto.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Questão de Ordem): Solicito, nos termos da defesa feita da tribuna, que se substitua o termo “destinar” por “indicar” que a Sessão Representativa da quarta-feira seja destinada à questão da reeleição, para que haja um acordo entre todos os partidos.

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos suspender os trabalhos porque não há como atender esta solicitação do Ver. Gerson Almeida, nos termos em que foi colocada. A Mesa vai solicitar novamente um parecer da Diretoria Legislativa.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Os trabalhos foram suspensos às 10h14min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 10h24min): Estão reabertos os trabalhos.

Não havendo mais inscritos para encaminhar o Requerimento do Ver. Gerson Almeida, em votação.

Se o Requerimento for rejeitado, abre a possibilidade de negociação política para outro tipo de encaminhamento.

 

O SR. CARLOS GARCIA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, há pouco o Ver. Gerson Almeida disse que mudaria o teor do Requerimento. Pergunto se continuam os termos do Requerimento original.

 

O SR. PRESIDENTE: O Requerimento já foi encaminhado e não há mais como modificar, terá que ser votado.

(Após a chamada): Por 5 votos NÃO e 03 ABSTENÇÕES  está REJEITADO o Requerimento.

Nós queremos enfatizar, em nome da Mesa, que o Requerimento foi rejeitado por um processo político e não por estar irregular no que tange à questão regimental. Regimentalmente havia a possibilidade daquele encaminhamento. Passamos ao próximo Requerimento.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Lê.) "Requerimento nº 14/97. Sr. Presidente, o Vereador que este subscreve requer a V. Exa. seja realizada Reunião Extraordinária da Comissão Representativa para discutir com profundidade o tema da reeleição no próximo dia 28 de janeiro às 10 horas da manhã. Baseio este Requerimento no parágrafo único do artigo 42, combinado com o artigo 187.” Assina o Ver. Guilherme Barbosa.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu, particularmente, me sinto agredido, é uma afronta a minha pouca inteligência, mas bastante o suficiente para que eu possa discernir as coisas. Ora, se eu não aceitei que se fizesse uma Sessão, exclusivamente, para debater a reeleição, não tem sentido que alguém vá me pautar para uma Reunião Extraordinária, mais ordinária do que extraordinária, para fazer com que eu deixe de falar nos assuntos que eu queira; agora é imposição, agora é teimosia, agora é pior do que antes, fazer com que às 10 horas, da quarta-feira, da próxima semana, eu vá discutir reeleição. Isso é uma afronta, isso é desrespeito à maioria absoluta que votou contrariamente ao Requerimento do Ver. Gerson Almeida. Com isso não se brinca. Eu acho uma afronta, não permito que me pautem, eu falo sobre o que eu quero, e devo falar sobre Porto Alegre, em primeiro lugar. Se alguém tiver inteligência bastante no período de Comunicações, que levante o tema, mostre que tem inteligência, traga um fato novo e obrigará os demais Vereadores a debater, porque somos inteligentes. Esse Requerimento, volto a dizer, é uma afronta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu entendo diferentemente do Ver. João Dib, na medida em que é solicitada uma Reunião especial. Entendo que é um tema extremamente oportuno, importante, é uma discussão nacional, e nós, aqui, na Casa, que é uma entidade política, faríamos com que houvesse uma grande discussão política, que não atingiria os trâmites normais da Casa. Nós teríamos na quarta-feira e na quinta-feira as nossas Reuniões normais da Comissão Representativa, mas teríamos uma Reunião Extraordinária na terça-feira para que ali, sim, pudessem participar todos os Vereadores, entidades, que todos vissem que esta Casa tem, prioritariamente, a preocupação sobre as coisas de Porto Alegre, mas também que ela não se ausenta das grandes discussões nacionais. É uma discussão importante, nacional. Como fazemos parte de uma casa política, participaremos desta discussão sem interferir nas tramitações normais da Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Temos o entendimento de que precisamos usar mais, nesta Casa, a primeira pessoa do plural e menos a primeira pessoa do singular.  Chega de "porque eu isso, eu aquilo..." Esta Casa é uma casa de discussão política e não tem sentido se desobrigar desta tarefa. Quero chamar a atenção, para a sensibilidade do Ver. Fernando Záchia que, havendo controvérsia na interpretação do Regimento desta Casa, teve a sensibilidade política e jurídica, junto com a assessoria da Mesa, de encontrar uma saída para essa questão. Às pessoas que buscam e falam tanto na questão da responsabilidade do cumprimento do Regimento, solicito que verifiquem o disposto no Art. 83, do livrinho que nos rege, que diz: "As normas regimentais dos trabalhos da Comissão Representativa são as mesmas que regulam o funcionamento da Câmara e das Comissões Permanentes." No capítulo que trata das Comissões Permanentes dispõe o art. 42 Parágrafo Único: "As Comissões reunir-se-ão extraordinariamente quando convocadas pelo Presidente, de ofício ou a requerimento de um terço de seus integrantes, com informação da matéria a ser apreciada." Então a iniciativa proposta pelo Ver. Guilherme Barbosa, além de, politicamente, ser importante em cima do debate nacional que se trava sobre a Emenda da reeleição, é regimental. Entendemos, apesar da manifestação do Supremo em contrário, ser a Emenda absolutamente inconstitucional. O período de revisão constitucional já passou. Independente disso e da oportunidade política dessa discussão que vai engrandecer esta Casa junto a Cidade, ao Estado e ao País , a iniciativa é perfeitamente legal, regimental e nesse sentido convocamos os nobres colegas para que aprovem a proposta do Ver. Guilherme Barbosa. A sensibilidade de cada um dos Srs. Vereadores, tenho certeza, acusa a sua necessidade. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Guilherme Barbosa em votação nominal. (Após a chamada) APROVADO o Requerimento por 10 votos SIM e 01 voto NÃO.

 

Temos em mãos um Parecer que solicitamos à Procuradoria da casa, Drª Marta dos Santos Lages, com relação à questão do Vereador Suplente poder ou não fazer encaminhamentos na Comissão Representativa, como aconteceu ontem com o Ver. Cláudio Sebenelo. (Lê.)

“Senhor Presidente:

 

Esta Procuradoria foi consultada quanto à decisão adotada pela Presidência da Casa, na reunião do dia 22.01 do corrente, de conceder a palavra em encaminhamento de votação a Vereador Suplente da Comissão Representativa.

Sobre a matéria, dispõe o Regimento, no art. 81, que todos os Vereadores podem participar das reuniões, mas somente os membros titulares da Comissão Representativa têm direito a voto,

A questão está diretamente ligada à definição do alcance do vocábulo participação.

O art. 215 do Regimento dispõe que compete ao Vereador participar das discussões e deliberações do plenário; votar nas eleições; usar da palavra nos termos regimentais; cooperar com a Mesa e usar os recursos previstos no Regimento.

Assim, temos que participar, deliberar, votar e usar da palavra são faculdades distintas umas das outras.

Combinando-se o art. 81 com o art. 215 do Regimento, vê-se que a restrição ao Vereador Suplente da comissão Representativa atinge o direito ao voto, mas não o da participação.

Esta conclusão é suficiente para confirmar a regimentabilidade da decisão da Mesa, que concedeu a palavra ao Vereador Suplente, para dela fazer uso no seu direito de participação na reunião.

Há, ainda, outro dispositivo regimental a embasar a decisão: o art. 83 determina que sejam aplicadas aos trabalhos da Comissão Representativa as mesmas normas que regulam o funcionamento da Comissão Permanente.

Sobre o funcionamento das comissões, dispõe o Regimento:

 

"art. 31 -...

§ 4º Mesmo não sendo integrante, o Vereador poderá assistir às reuniões de qualquer comissão, discutir matéria em debate e apresentar sugestões por escrito, dando-se prioridade ao Autor da proposição."

Como se vê, o Regimento permite a maior participação de Vereador no âmbito das Comissões, seja Permanente, seja Representativa, restringindo o direito ao voto, cujo exercício é privativo do membro titular da comissão.

Pelo Exposto, fundada a presente interpretação na tendência regimental da menor restrição à atuação edilícia, a Procuradoria opina pela possibilidade de participação de Vereador Suplente nos trabalhos da Comissão Representativa, exceto quanto ao uso do direito de voto, e de outras restrições no Regimento.

É o Parecer, s.m.j.

em 22.01.97”

 

Era esse o esclarecimento. Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Renato Guimarães está com a palavra. Ausente. O Ver. Paulo Brum está com a palavra. Ausente. A Verª Maria do Rosário está com a palavra. Desiste. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Nós estávamos aqui, hoje, preparados para responder ao nobre Ver. Antonio Hohlfeldt que, ontem, reclamou que eu teria feito uma observação relativamente a ele no momento em que não se encontrava neste Plenário. Se o Vereador tivesse lido todo o meu pronunciamento teria visto que eu fazia, na verdade, uma homenagem a ele. Além disso, perguntei ao final do pronunciamento como ele conseguia dormir à noite, ele que foi um homem que ajudou a construir o período democrático que este País passou a viver depois do período militar, defendendo agora um governo que faz as coisas que está fazendo. Mas o pronunciamento que fiz, na verdade foi para homenagear a forma fidalga com que havia se referido a mim numa das primeiras Sessões deste Parlamento. Mas hoje vim a esta tribuna para responder ao Ver. Antonio Hohlfeldt, que não se encontra, sobre a questão relativa à desafetação de área na Vila Jardim, na Zona Norte de Porto Alegre.

Também queremos elogiar a Presidenta da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, Verª Maria do Rosário, que neste momento encaminha ao Sr. Prefeito Municipal um relatório elaborado pela Comissão dispondo sobre o cumprimento da Lei 7494, que trata da obrigatoriedade de instalação de portas de segurança nas agências bancárias de Porto Alegre. Na verdade já chamávamos a atenção na primeira Sessão desta legislatura, que a Associação de Bancos e o Sindicato de Bancos não tinham mais nenhum recurso jurídico para sustar a aplicação dessa Lei tão importante para salvaguardar a vida dos bancários e da comunidade. No Mandado de Segurança Coletivo, perderam em primeiro grau. Propuseram recurso a esse Mandado de Segurança Coletivo, perderam novamente no egrégio Tribunal de Justiça e agora não têm mais outra saída senão o cumprimento dessa Lei. Então, zelosamente e com a preocupação da sua Presidenta, a Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, faz o encaminhamento ao Sr. Prefeito, de Relatório, no sentido de que o Município seja rigoroso na aplicação das penalidades constantes daquela Lei.

 

A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço as suas palavras e quero registrar a todos os meus colegas que o que entregaremos ao Prefeito, às 11h, é o Relatório concluído em dezembro de 96 pela Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Naquela oportunidade tive a honra de ser Relatora dessa matéria, que foi trazida para a Câmara, de uma forma mais permanente, a partir do dia 11 de outubro, quando um aposentado de 56 anos, um cidadão honrado, foi vítima de violência, assassinado, num posto do Banco do Brasil no prédio do IBAMA, aqui próximo da Câmara de Vereadores. A partir disso a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos se mobilizou, buscou junto a Prefeitura, como o Ver. Juarez Pinheiro coloca, as suas atribuições e esclarecimentos sobre a polêmica judicial que foi levantada pela Associação dos Bancos e vimos que a Prefeitura de Porto Alegre teve uma atividade muito responsável, como é de sua obrigação - mas gostaria de destacar -, em toda a ação judicial buscando o direito do cidadão e que no entanto, até este momento, de 94 até aqui, estivemos impedidos de colocar em prática uma Lei que esta Câmara votou. De outro lado, concluo dizendo que a Comissão trabalhou, e consta no Relatório, em outras questões também. Além da obrigação dos bancos de cumprirem a lei com as portas de segurança, estamos buscando, sim, que o Governo do Estado estabeleça uma lei estadual através da Assembléia Legislativa, porque temos dados da Secretaria de Segurança de que muitos assaltos estão acontecendo na Grande Porto Alegre e no Estado inteiro. Isso nos preocupa porque os dados de Porto Alegre nos apontam que os assaltos acontecem justamente naquelas agências em que não há portas de segurança. As agências com portas de segurança, no ano de 1996, nenhuma delas foi atacada pelos assaltantes. Então, além disso propomos a instalação de Câmeras de vídeo para que os bancários não sejam submetidos à situação da identificação e queremos que aqueles postos e agências que são novos, colocados na Cidade, tenham o parecer da Secretaria de Segurança Pública, como deveria ser para estabelecimentos desse tipo. Aproveito, para finalizar, agradecendo a gentileza do Ver. Juarez Pinheiro, e solicito ao nosso Presidente - e isso faz parte do nosso Relatório - que a agência da Caixa Econômica Estadual que se encontra dentro das dependências da Câmara Municipal de Porto Alegre, também seja cumpridora da lei e coloque uma porta de segurança porque é nossa obrigação primeira darmos o exemplo. Obrigada, Vereador.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: O longo e substancioso aparte da Vereadora julgo extremamente oportuno. Quero, aqui, neste momento, dizer a V. Exas. que essa Lei Municipal - e principalmente a sua regulamentação - constituiu-se em um dos documentos jurídicos - mais substanciosos sobre a matéria que temos hoje neste País e que  fez com que diminuísse em 40% o número de assaltos a agências bancárias em Porto Alegre. Quero, nesta oportunidade, elogiar as pessoas que trabalharam na elaboração desta Lei, a Lei 7494/94, uma das quais que, inclusive, não é das minhas relações pessoais, mas quem foi que se debruçou profundamente sobre este trabalho, o Procurador Municipal, Dr. Cláudio Iran e o Assessor do Prefeito, Paulo Carneiro. Quero, por último, chamar a atenção relativamente a este tema e dizer que são principalmente as agências do sistema financeiro do Estado, ligadas portanto à Administração Indireta do Estado, que não vêm cumprindo essa Lei. Dos cinco assaltos que ocorreram a agências bancárias neste ano em Porto Alegre, três foram contra agências da Caixa Econômica Estadual, vinculada à Administração Indireta do nosso Estado. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. José Valdir. Ausente. o Ver. João Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, penso; logo, existo. Por isso, falo muitas vezes usando a primeira pessoa do singular, que é como deve falar, na maior parte das vezes, um Vereador.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, desejo saudar e cumprimentar a nobre Verª. Maria do Rosário. Lei deve ser clara, precisa, concisa e - agora acrescento - fiscalizada. V. Exa. está fiscalizando uma Lei que é justa e boa e eu a cumprimento por isso.

Agora, eu - novamente na primeira pessoa do singular - me dirijo ao nobre Ver. Juarez Pinheiro para fazer um apelo, já que ele recebeu a cópia do ofício a mim dirigido antes que eu recebesse o ofício. Ontem, ao meio-dia, recebi o ofício da Secretaria Municipal dos Transportes e o Ver. Juarez Pinheiro me admoestava que eu deveria alterar minhas palavras, já que eu teria agredido a equipe técnica da Secretaria Municipal de Transportes. Dizer que uma solução é burra não é uma agressão à moral, nem à honra, nem à dignidade. É apenas uma burrice, e todos nós temos nossos momentos de burrice. Mas, quando a Secretaria Municipal dos Transportes entende que este Vereador é burro - mas não diz, entende mas não diz - o que eu posso pensar deles?

Ontem, na cópia que o ver. Juarez Pinheiro leu, constava que era absolutamente legal a implantação de uma parada de ônibus em uma ponte ou viaduto. Na realidade, o art. 181 do Regulamento do  Código Nacional de Trânsito diz que é proibido a todo condutor de veículo estacionar nos viadutos, pontes e túneis; porque o viaduto, a ponte e o túnel são construídos para que a população ganhe e não para que uma determinada pessoa ganhe um estacionamento, e mesmo o transporte coletivo. E citava a legalidade indicada pela SMT, na forma do art. 37 do Regulamento, que diz que compete aos municípios, especialmente, regulamentar o uso das vias sob jurisdição, considerando o disposto no art. 46. E o art. 46  diz que a autoridade de trânsito - inciso VII - poderá permitir, quando devidamente justificado - sublinho: devidamente justificado - o estacionamento e a parada de veículos nos viadutos e outras obras de arte, respeitadas as limitações técnicas. Sou Vereador, sou engenheiro civil, fiz um curso de engenharia de trânsito e entendo perfeitamente, "devidamente justificado", "respeitadas as limitações técnicas". Acho que o Sr. Secretário dos Transportes, meu querido amigo, Luís Carlos Bertotto, a quem não ofendi nenhuma vez, aliás, muitas vezes defendi desta tribuna e em Comissões na Casa, me subestimou; ele não tinha que me mandar esta resposta, Ver. Juarez Pinheiro. Apelo a V. Exa., pela rapidez com que conseguiu, já que esta resposta me é dada em relação a um comentário feito na Rádio Guaíba, que lhe mandei cópia e aos comandantes de diferentes batalhões da Polícia Militar, para que ele, ao responder, mostrasse "devidamente justificado" e "respeitadas as limitações técnicas" por que o ilustre e ilustrado Secretário colocou a parada de ônibus sobre o Viaduto. Quero ver o que o usuário que desce do lotação dirá. É uma forma estranha de, a Secretaria Municipal de Transportes, legislar sobre o lotação, de fazer a fiscalização e operacionalização do sistema de lotações da Cidade. Alguns teimam em chamar de táxi-lotação; isso não existe. Leis anteriores já haviam chamado o microônibus de lotação, quando ele tinha 17 lugares.

Quando se procurou regulamentar, aqui, a parada dos lotações, eu mostrava que deveria ser alterada a Lei, e não queria fazer nenhuma agressão às inteligências, aos luminares da SMT, que assessoravam o Prefeito Tarso Fernando Genro. Não Queria nada disso. Até porque eu havia apoiado o Veto do Prefeito ao Projeto do Ver. Jocelin Azambuja, para aprovar o Projeto do Prefeito, que era mais ou menos no mesmo sentido. Mas, ajudando a aceitação do Veto, a aprovação da Lei, não vi ser aprovada uma Emenda que não era minha, estava escrito no Código Nacional de Trânsito, que é o regulamento: nas esquinas, a menos de 3m do alinhamento das construções da via transversal, quando se tratar de automóveis de passageiros e, a menos de 10m, para os demais veículos. A Secretaria achou que era 6m e não adiantou: a Bancada do PT toda aprovou 6m e não viu o interesse, que eu tinha, de ajudar a resolver ser válido.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Entendo que V.Exa., quando fez uma pequena reclamação referente a eu ter entregue o ofício antes de receber o ofício do Sr. Secretário, não tenha tomado isso como uma demonstração. Fiz isso como uma atitude responsável, como Vereador preocupado com uma denúncia que me pareceu importante, como são, em geral, as feitas por V. Exa., cumpri o meu papel de Vereador ligado ao Governo, no momento em que foi feita uma manifestação por parte de V. Exa. Nesse sentido, me dirigi à Secretaria pessoalmente, e lá colhi esse material que passei às suas mãos. Quero dizer, por óbvio, V. Exa., que foi Prefeito desta Cidade, sabe que todo o ato administrativo precisa ser fundamentado e justificado, existe um processo administrativo aberto, deve haver, não o vi. Então, mais esta questão posso verificar! O Regulamento do Código Nacional de Trânsito, V. Exa. leu o transcrito no ofício que diz da possibilidade. O que eu levantei, com relação ao seu pronunciamento, foi de que não era ilegal e V. Exa. me parece ter afirmado que seria ilegal, e, quanto ao mérito eu entendo que V. Exa., como um técnico, como engenheiro, pode ter as suas divergências, como tem, relativamente a essa questão. Eu as respeito, mas fiz o meu papel de Vereador e assim continuarei fazendo sempre que achar ou entender que as denúncias são procedentes.

 

O SR. JOÃO DIB: Nobre Ver. Juarez Pinheiro, eu o saúdo por ter buscado a resposta que me foi negada pela Secretaria Municipal dos Transportes durante muito tempo, até porque tenho experiência de tentar marcar audiência com o Secretário Municipal dos Transportes e não conseguir. Eu só fui Secretário dos Transportes duas vezes! Eu construí o prédio em que está instalada a Secretaria, quando recém me formava em engenharia, eu não fui recebido. Eu tinha que me submeter a uma série de quesitos para ser recebido por alguém que foi até meu funcionário. Mas eu o saúdo. Quando me dirigi a V. Exa. não foi com espírito de crítica, mas porque continuo achando que é ilegal porque a resposta da Secretaria devia ter me mostrando a viabilidade técnica e o estudo procedido, porque tenho outros problemas semelhantes, e que a Prefeitura teima em não responder através de Pedido de Informação; por exemplo, na Quintino Bocaiúva esquina com 24 de outubro há um prédio, senão me engano chama-se Império, são dois prédios o A e o B. Na calçada do prédio a Prefeitura autorizou, através da Secretaria Municipal dos Transportes e da Secretaria Municipal de Obras e Viação, a implantação de obstáculos perpendiculares ao cordão da calçada. Não é legal, mas um Decreto do Prefeito diz que "justificado pode acontecer", e até hoje estou esperando essa justificativa para que aqueles obstáculos fossem implantados pela Prefeitura que nega, nega sistematicamente, aos munícipes, mas a Prefeitura fez o seu próprio uso e usou então a primeira pessoa: "Eu Prefeitura." Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Tanto pelo tema, pela importância da sua atividade e pela importância que tem a energia elétrica no processo de desenvolvimento do Estado, mas também pela possibilidade de recuperação que tinha essa empresa, ao trabalhar, agora, com a mais alta tarifa que já teve na sua história de 85 dólares megawatt/h, o fiz a partir de dados que meus colegas da empresa tinham executado, mas o Governo do Estado fazia questão de divulgar, inclusive através do seu Presidente, o Engº Pedro, que a CEEE prestava um serviço de péssima qualidade e tudo mais. Nós sabíamos e tínhamos certeza de que ele estava falando uma inverdade, para ser aqui educado com o que eu estava falando.

Pois bem, a "Zero Hora", de sábado, do dia 18 de janeiro traz uma matéria de folha inteira, que diz: "Melhora a Qualidade dos Serviços Públicos". Vou ler um pequeno trecho para mostrar de que  forma está trabalhando o Governo Britto para passar para a opinião pública a imagem para denegrir as empresas públicas, para criar um clima na população favorável à privatização. Então, diz o pequeno trecho da matéria: "Enquanto em 1995 o tempo médio sem energia para o consumidor era de 34 horas e 36 minutos, em setembro de 1996, a CEEE registrou 20 horas e 42 minutos, dentro da meta...". Portanto, menor ainda"... de 21 horas previsto para o ano. Embora o Governo tenha usado o argumento da má qualidade dos serviços, para aprovar a privatização parcial da estatal, este índice obtido é considerado" bom para a média nacional e internacional." Está escrito na "Zero Hora", flagrando a "Zero Hora" uma mentira, uma desonestidade do Governo Britto com relação à  CEEE. O Presidente atual da CEEE, engenheiro Pedro Bisch Neto, estava dizendo que esse tempo sem energia, por consumidor ao longo do ano, estava perto de 40h, quando a realidade é esta: 20h42mim, que é índice de qualidade internacional. Então, eu quero registrar, porque não se pode trabalhar de forma desonesta. Quando eu faço esta afirmação, faço com dados, costumo fazer minhas afirmações baseado em documentos e em dados e, portanto, é um documento oficial do Governo do Estado, trazido pelo jornal Zero Hora, que sabemos a relação que tem com o próprio Governo do Estado. Hoje, os jornais trazem uma baita propaganda de folha inteira, onde está escrito assim, Ver. Cláudio Sebenelo: "Estamos preparando um show de luzes para a virada do século" - manchete da folha inteira -, assinado em baixo pela CEEE e pelo Governo do Estado. Então, quem lê a submanchete "Com a usina hidrelétrica de Machadinho mais 1040 kw de energia serão gerados a partir do ano 2003", desavisado, assinado pela CEEE e pelo Governo do Estado, vai concluir que é a CEEE que está construindo essa usina. A CEEE participa do consórcio que vai construir a usina com 5%. Mas a manchete assinada pela CEEE e Governo do Estado é como se fosse o Governo do Estado que estivesse construindo essa usina. É um negócio infernal. Quando o Governador Britto assumiu, saiu na imprensa, ele disse que queria um sistema de divulgação das obras do Estado, a exemplo da Prefeitura de Porto Alegre; que é muito criticada nesta Casa. Eu acho que nós poderíamos produzir menos material gráfico do que produzimos, mas eu convido alguém a trazer um material de divulgação da Prefeitura de Porto Alegre que faça uma desonestidade como essa que está se fazendo aqui. Uma obra que é do Governo Federal, é da ELETROSUL, a CEEE participa com 5%. Quem lê a matéria assinada pelo Governo chega à conclusão de que a CEEE está construindo a usina, e não é; participa com a menor parcela do consórcio que vai construir. Temos que ter um pouco de ética. Fala-se tanto nisso!

Trago aqui dois dados, ligados à minha empresa, sobre a forma de atuação do Governo do Estado. Não podemos aceitar essa situação. Se alguém acha que uma empresa tem que ser privatizada, defenda com suas razões, mas não largue para a população do Estado do Rio Grande do Sul - da mesma forma se faz no País - mentiras.

O caso da CRT: todos nós sabemos que a CRT tem, hoje, uma situação tecnológica e financeira que lhe permitiria, sozinha, atender, em um médio espaço de tempo, a demanda do Estado do Rio Grande do Sul. Nós sabemos que a demanda hoje existente é falsa, porque muito do investimento que a CRT poderia fazer sozinha foi segurado. Isso é sabido, hoje, de todos. Mas, propagandeia-se que há uma má qualidade de serviço. A matéria a que já me referi, do dia 18, traz comentários sobre os índices da atuação da CRT hoje. São dados do Estado. Quem coordena isso é um colega da CEEE, o Engenheiro Capelleto. É ele quem coordena o serviço de levantamento dos índices de trabalho das empresas estaduais.

Então, quem acha que se deva privatizar, abrir capital, defenda sua idéia com argumentos, mas não traga fatos mentirosos, tentando captar, a seu favor, a opinião pública. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Garcia): O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Quando da discussão, os encaminhamentos dos Vers. Gerson Almeida e Guilherme Barbosa diziam que se o assunto for interessante, se o orador tiver inteligência ele provoca o debate.

Por exemplo, falaram em mentir, mentir é falar contra o que se pensa para enganar. E a Administração da Prefeitura teve grande reação da minha parte pelos gastos imensos com publicidade que, felizmente, vêm diminuindo pelas limitações impostas por esta Casa, que estão agora em 0,5%. Mas, devo confessar que duvido que seja só 0,5% porque a determinação da Lei Orgânica, que manda bimestralmente apresentar os dados, não tem sido cumprida.

Mas, vamos falar em publicidade da Prefeitura, reclames da Prefeitura. Um dia me dirigi ao Prefeito Tarso Genro e disse que eu não havia gasto nenhum centavo com publicidade, como Prefeito, o que eu considerava até um erro. O seu assessor que estava ao lado disse que havia pesquisado a minha Administração e que realmente eu não havia gasto nada. Inteligência do responsável pela comunicação da Prefeitura.

Mas, eu disse ao Prefeito: a propaganda, a publicidade, o reclame tem que ser sério, honesto. Por exemplo, quando V. Exa. anunciou que 37 hectares foram doados pela Mitra à Cidade, era uma mentira. Eles não foram doados! É até uma irresponsabilidade, uma ilegalidade, porque deveria ter passado na Câmara, pois até para receber doação tem que ter Projeto de Lei. Ainda mais que a Mitra ficaria com 5% dos terrenos urbanizados. Então, não era mais doação, além de outras coisas. Portanto, a Mitra certa, o Executivo não muito sério, mentiroso.

Quando o Prefeito, num dos cartazes da Cidade Viva, anunciava que há 5 anos a direção das escolas do Município eram objeto de votação, eu dizia a ele: com o meu dinheiro, gastando em publicidade, mentindo contra mim? Pois eram 10 anos e não 5, eu era Prefeito quando se fez pela primeira vez a votação para diretor de escola. O nosso ilustrado e querido Prefeito Tarso Genro, mal assessorado assinava que só fazia 5 anos.

Ou então quando diziam que o Arroio da Areia não era limpo há 12 anos. Digo que não é verdade, há nove anos eu limpei o Arroio da Areia.  Não podem dizer que foi há 12 anos. Queriam me excluir da limpeza do Arroio da Areia? Por falar em mentira, que provoca as reações, há outras mentiras, como aquela famosa, que eu trouxe aqui nesta tribuna reiteradas vezes, na época da campanha eleitoral, Britto contra Olívio Dutra: a Prefeitura, curiosamente, fazia enormes editais, cujo texto era muito menor do que a propaganda eleitoral, onde dizia: na Prefeitura não há necessidade de filas para pagar IPTU. As filas, naquele tempo, era um assunto da Previdência Social, donde saía o hoje Governador e então Ministro Antonio Britto. E dizia no texto do edital que, por iniciativa da Prefeitura, os aposentados não pagavam taxa de lixo e IPTU, uma série de coisas lá, como se fora autoria da Prefeitura. Não, foi do hoje Dep. Divo do Canto, na época, Ver. Divo do Canto, que foi aprovado contra os votos do PT. Então, propaganda deve ser como lei, clara, precisa, concisa, só que propaganda deve ser honesta. E eu concordo com o Vereador que me antecedeu na tribuna, honestidade é uma coisa boa até na propaganda. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero dizer da minha profunda satisfação em verificar hoje, mais uma vez, na imprensa, problemas atinentes ao Parque da Redenção desta Capital. Em manchete, a "Zero Hora" diz que os Vereadores são contra o cercamento do Parque. E no Correio do Povo há uma foto do Prefeito Raul Pont visitando o Parque da Redenção e dizendo que vai melhorar aqueles recantos que estão depredados. Deparei-me com o Prefeito, visitando a Redenção, algo inédito nos últimos quinze anos, pois não me lembro de algum Prefeito visitando o Parque da Redenção, - somente isso já me daria satisfação. Aflorei a possibilidade da votação do Projeto, que tenho desde 1991. Porém  em alguns debates que tivemos, inclusive com representantes da SMAM, foi solicitado mais verbas para as 250 praças e os sete parques de Porto Alegre, porque são 257 logradouros públicos e a verba é de 250 mil por ano, ou seja, menos de mil reais por logradouro público. Alguns, como o Parque da Redenção recebem frases demagógicas, visitas eleitoreiras, e outras questões. Por exemplo, o Recanto Alpino está com as duas portas soldadas e ninguém pode entrar no Recanto, que deveria ser, no verão, um recanto romântico para os namorados. Não adianta florear para a imprensa e usar a imensa mídia, que há mais de 25 dias mancheteia sobre a Redenção. Não adianta querer pegar carona para aparecer em jornal, porque a verdade é que o Parque está depredado e temos que achar soluções. Se a Câmara é contra ou a favor é um detalhe, porque o importante é a manutenção do patrimônio público. Se quero fechá-lo, é também para mantê-lo. Ouvi numa rádio uma entrevista de uma ambientalista de renome internacional. Num debate, o Líder do PT disse que ele é malufista. Será que ser malufista invalida as características técnicas do Sr. Werner, que está hoje na Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo? Ele já foi alto diretor de organismos ambientalistas do Brasil e não tinha a pecha de malufista quando foi Presidente do CETERGS. Ele disse que quando o Parque do Ibirapuera foi fechado, houve a mesma polêmica que está havendo aqui em relação ao fecha ou não fecha do Parque do Ibirapuera e que, depois de prolongadas discussões, fechou. A população está satisfeita, porque ele está absolutamente preservado. No Rio de Janeiro, no Parque Guinlé-95 - tenho o Jornal do Brasil de 20 de março de 1995 -, foi feita uma consulta popular também em alto clima de polêmica, inclusive os moradores da Associação de Laranjeiras era contra o fechamento; e, surpreendentemente, Alfredo Cirque, do Partido Verde, ambientalista famoso, ex-secretário do Meio Ambiente do Rio de Janeiro era a favor, e ganhou o fechamento do Parque Guinlé, em Laranjeiras. Então, eu digo: estou satisfeito, por quê? Porque a discussão levou o Prefeito, pessoalmente, ao Parque da Redenção, porque a discussão colocou inúmeros Vereadores e pessoas da mais alta representatividade, dos diversos setores da sociedade porto-alegrense, na discussão. Então, muitas vezes, os resultados vêm pelas beiradas, vêm indiretamente, não vêm diretamente. Eu sempre disse, democrata que sou, que só aceito e respeito as tendências da população. Agora, isto não invalida a luta, daqueles que fazem pesquisas e ficam com as suas maiorias eventuais. Giordano Bruno, há centenas de anos, quando foi queimado pela Inquisição, disse, ao pé da fogueira que iria matá-la: "As maiorias eventuais não me assustam." Aqui tem-se respeito pelas minorias e, mais do que isso, a visão do horizonte do futuro, porque muitas vezes o que hoje é bom, amanhã é ruim, bem como o inverso.

Por isso é lamentável que hoje alguns, apenas porque a maioria ou uma pretensa maioria não quer o fechamento, se aliem ao fechamento, simplesmente, para acompanhar a maioria. Não, temos que ter posições, e esta é a minha posição; um dia, nem que seja daqui a cem anos, quando for cercado o Parque da Redenção, alguém dirá:"Houve uma época em que alguns lutaram denodadamente pela preservação do patrimônio público, como nas melhores cidades do Brasil e do mundo." Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra. Ausente. O Ver. Fernando Záchia está com a palavra. Ausente. O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra. Ausente. O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra. Ausente.

O Ver. Guilherme Barbosa assume a Presidência dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fiquei satisfeito ao ouvir o Ver. Nereu D'Ávila porque esse assunto tão polêmico que ele trouxe à baila realmente mobilizou toda a nossa Cidade. Quando o nobre Vereador coloca a questão das maiorias, coloca também que o povo é sábio, está atento, e uma das coisas que aprendemos na vida é que nada é definitivo, as coisas podem e devem ser mudadas, mas nesse espírito democrático, mais do que nunca é importante saber ouvir a população e é por isso que levanto uma questão importantíssima: dentro da nossa composição humana de pessoa nós temos duas orelhas e uma boca, e isso é para saber ouvir mais do que falar. Fiquei contente em ler na "Zero Hora" de hoje que o Prefeito visitou aquele local. Realmente mostra que o Executivo, a partir desse levantamento que o Ver. Nereu D'Ávila suscitou, está preocupado. realmente ali é o local central da Cidade, é o pulmão verde, é o local que milhares de porto-alegrenses usufruem como área de lazer e desporto. Achamos muito importante esta vinda do Sr. Prefeito e ao mesmo tempo, fiquei muito satisfeito porque a maioria dos colegas já têm uma posição firmada, e tenho certeza de que não foi por uma simples consulta popular que isto se deu, mas porque também eles estão ouvindo a maioria, volto a enfatizar, o povo é sábio.

Gostaria de solicitar à Presidência e aos nobres colegas um minuto de silêncio, eu que sou Vereador ligado à educação e, especialmente, ao desporto, pelo falecimento do Técnico Ênio Andrade, Tricampeão brasileiro.

 

(As pessoas em Plenário ficam em silêncio por um minuto.) 

 

O Rio Grande do Sul hoje perdeu, sem dúvida nenhuma, o maior técnico de futebol que produziu neste Estado. Uma pessoa ligada, profissionalmente, a diversos clubes, desde o saudoso Renner, como jogador, depois como técnico de futebol dos principais clubes do nosso Estado: Grêmio e Internacional.

Abordarei um assunto já debatido na semana passada, que se refere aos incêndios em Porto Alegre. No ano de 1993, foram registrados dois mil cento e dezoito incêndios, e nos vinte primeiros dias deste ano, houve duzentos e cinqüenta casos registrados de incêndio em nossa Cidade. Fomos buscar informações junto às autoridades: Corpo de Bombeiros e DMAE, porque a nossa preocupação é com que cada dia mais esses acidentes ocorrendo, embora, também, nos últimos dias, começou a haver uma preocupação por parte das nossas autoridades. Questiono o porquê dessa preocupação ser somente depois de os fatos estarem consumados. Acho que os que lidam nas diversas secretarias teriam que ter essa preocupação continuamente pelo bem e zelo da nossa população. O efetivo total da Brigada Militar, relativo ao Corpo de Bombeiros, é de 550 homens, divididos em nove postos em nosso Município. Mas 150 homens estão em outras atividades como busca e salvamento, atendimento emergencial, atendimento a cargas perigosas, 20 pessoas do Corpo de Bombeiros no Aeroporto, e os demais em setores administrativos. Estamos solicitando providências a respeito de onde se encontra o fundo de reequipamento dos Bombeiros, gerenciado por um Conselho Municipal, composto pelo Comércio de Dirigentes Lojistas, Prefeitura, Câmara Municipal e representantes da comunidade. Até agora não obtivemos informações de onde e como está sendo feito o gerenciamento desse fundo.

No ano passado, por iniciativa do Ver. Guilherme Barbosa, houve um Projeto de Lei a respeito dos hidrantes. Então, solicitamos, nobre Vereador, que seja encaminhado esse assunto a fim de que o Prefeito possa sancioná-lo o mais rápido possível.

Aproveito uma matéria do jornal, ainda sobre o levantamento do Corpo de Bombeiros, onde é revelado que, dos 1029 hidrantes da Capital, 321 estão fora do uso, e dos 708 restantes, 30% funcionam de forma muito precária. Apenas 500 hidrantes estão prontos para ser usados. E, ouvindo o nosso brilhante Ver. João Dib, quando diz que a lei existe para ser cumprida, e a nossa função é fiscalizá-lo, vou me espelhar nisso, Vereador. A nossa missão é fazer com que isso seja cumprido.

Ver. Guilherme Barbosa, reitero novamente a atenção para com esse assunto, porque tenho certeza de que, infelizmente, muitos incêndios ainda teremos na nossa Cidade. Eles estão solicitando que esse reequipamento seja, individual: botas, máscaras e roupas; coletivo: mangueiras, escadas, manutenção e hidrantes.

O Governo do Estado compra alguns metros de mangueiras e sai em manchetes, parecendo que o problema de incêndio em Porto Alegre está resolvido.

Então, enfatizamos novamente no sentido de que esse assunto seja por todos nós fiscalizado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Verª. Ana Maria Negroni está com a palavra. Ausente. O Ver. Adeli Sell está com a palavra.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu acredito que para nós não deva existir um assunto mais ou menos nobre para ser tratado na Câmara de Vereadores. Nós temos assuntos do cotidiano, temos assuntos locais que, muitas vezes, acabam tendo repercussão estadual e nacional. Portanto, nosso debate deve ser amplo, plural e sem preconceito. Discutir questões locais, sem dúvida nenhuma, deve ser a primeira e mais importante função de um Vereador, até porque fomos eleitos para legislar pelo Município de Porto Alegre. Mas, evidentemente, não podemos ficar omissos como cidadãos em questões estaduais e nacionais.

Hoje tem início o processo de cobrança da CPMF que é um tributo federal e que, evidentemente, vai influenciar, e muito, para o pequeno poupador, para aquele que tem uma pequena conta bancária. Eu não seria contra a cobrança da CPMF se de fato tivéssemos a garantia plena de sua aplicação na saúde. Esse era o objetivo do Ex-Ministro Jatene e de vários companheiros nossos, no Congresso Nacional, que tinham o propósito de votar favoravelmente, porque a discussão vinha se desenvolvendo nessa linha, dessa garantia, até porque o Ministro tinha um objetivo muito claro, muito preciso, para tratar da questão da saúde. Eu acredito que o nosso nobre colega Sebenelo deve saber dessa questão, já que é vinculado e trata diariamente da questão da saúde. Mas a cobrança da CPMF sem essa garantia, acho que é mais um problema, é mais um peso para muitos e muitos brasileiros.

Nesse sentido, gostaria de registrar que a nossa vida em Porto Alegre, na Capital com melhor qualidade de vida do Brasil, ainda é difícil. É difícil porque os dados dos jornais, como os do "Jornal do Comércio" de hoje, sobre desemprego, matéria também veiculada nesta semana no mesmo jornal, dava conta de que em torno de sete mil empregos, na área industrial, havia sido perdidos, e estamos vendo que em torno de 12, a 13%, às vezes beirando 14, 15% a cada mês do ano passado, temos pessoas fora do processo produtivo. Apesar disso, o comércio da nossa Cidade cresceu 62% em 96, mas não aumentou o número de comerciários a trabalhar. Isso é muito grave, porque acredito que o desenvolvimento é necessário, o crescimento econômico de uma empresa é necessário, no entanto, deve acompanhar esse crescimento o retorno ao trabalhador, a garantia do seu emprego e, evidentemente, a garantia de um salário digno. Por isso acredito que devemos levantar neste ano de 97 um grande debate nesta Câmara de Vereadores sobre a qualidade de vida da nossa população, a começar pela garantia de emprego.

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Felicito-o pelo assunto desemprego. Só gostaria de perguntar ao nobre Vereador se ele está a par de dois assuntos. V. Exa. sabe que uma empresa em Porto Alegre está duplicando a sua capacidade e vai gerar 500 empregos diretos e 1.500 empregos indiretos? E que essa empresa está há 15 meses pedindo  à SMOV a DM e não lhe é concedida? Ora, nobre Vereador, dois mil empregos retidos pela burocracia da Administração Popular dá para se refletir sobre isso. V. Exa., naturalmente, deve estar a par de que na SMOV, por exemplo, há aproximadamente - e esse dado não consegui oficialmente - 200 mil metros quadrados de área a ser construída em edifícios que estão também tramitando numa média de 6 meses, ou seja, estão há 6 meses retidos pela burocracia 200 mil metros quadrados - e especialistas que temos nesta área me orientam que isso representa dois mil empregos retidos por 6 meses. É crime deixar duas mil famílias sem emprego, por 6 meses, por burocracia burra. Obrigado.

 

O SR. ADELI SELL: Obrigado. Ver. João Carlos Nedel, acho importante a cobrança. Não tenho pleno conhecimento e não tenho o acompanhamento deste caso específico. Vou, após a minha manifestação aqui, conversar com o nosso colega para que possamos verificar isso junto à SMOV e à Administração Municipal, porque acredito que se houver problemas na nossa legislação municipal para acabar com a burocracia, me somo ao nobre Vereador para legislarmos pela melhoria, inclusive, da legislação para desenvolver mais, e plenamente, a nossa Cidade. Até acho que há uma preocupação social com emprego, enfim, com as questões sociais da nossa Cidade, porque vejo no jornal Correio do Povo, de hoje, que um setor do comércio criou uma organização não-governamental social, chamada Associação de Cidadania de Empresariado do Rio Grande do Sul, parceiros voluntários do desenvolvimento social. Pessoalmente desconheço o caráter dessa entidade, mas vou verificar, porque acho que é extremamente importante. Em São Paulo temos a CIVIS, que é um grupo de empresários pela cidadania, organizados, impulsionados pelo empresário Oded Grajev, e acho que todas as iniciativas nesse sentido são extremamente importantes para desenvolvermos econômica e socialmente a nossa Cidade, especialmente garantirmos emprego. Acho que se há críticas - e acho que deve haver críticas à Prefeitura, à SMOV - também quero registrar aqui, antes do seu aparte, Ver. João Carlos Nedel, eu ia me referir ao trabalho importante que está sendo feito pela SMOV acerca das calçadas em Porto Alegre, pois isso é uma responsabilidade do proprietário, do cidadão e sabemos que cidadania - e uso sistematicamente a palavra cidadania porque ela, para mim, traz duas faces da mesma moeda, que são deveres e direitos. Nesse sentido, os proprietários têm o dever e a obrigação de zelar pelas calçadas. O Secretário Estilac Xavier tem feito importante trabalho nesta gestão e na passada no sentido de melhorar as calçadas da nossa Cidade, pois, além de garantir beleza e segurança para as pessoas que as utilizam, estamos garantindo também geração de emprego e de renda. Muitas pessoas sem grande qualificação profissional estão ali, desenvolvendo o seu trabalho. No investimento que faremos agora, na área da habitação, também geraremos muitos e muitos empregos. Quero insistir nessa questão, porque acredito que a pior coisa que possa ocorrer com um homem ou uma mulher, sejam jovens ou não, é não ter emprego. E estamos vendo que esse é um grave problema inclusive na nossa Cidade, que, pelos dados que possuímos, não é uma das campeãs  em índice de desemprego, mas é preocupante.

Não sou contra o atual modelo econômico, mas temos que garantir que as pessoas trabalhem menos horas e que sejam abertos novos campos de empregos. A empresa Brahma, que vai instalar um novo parque industrial em Viamão,  vai gerar apenas 370 novos empregos, porque possui alta tecnologia. É por isso que devemos pensar em outras alternativas que dêem mais empregos, com menos horas de trabalho e mais horas de lazer. Portanto, sou parceiro daqueles Vereadores e dos cidadãos da nossa Cidade que buscam melhores condições de vida e de trabalho para o nosso povo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passaremos a chamar os Srs. Vereadores Suplentes.

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, queria abordar dois fatos importantes. Hoje, recebi, em meu gabinete, cópia de um artigo denominado "Ética e Verdade", escrito pelo companheiro Adeli Sell, cuja leitura recomendo a todos. Ali, ele afirma que muitas vezes os discursos não estão de acordo com a prática. Queria também saudar o Ver. Hélio Corbellini, que, na edição de ontem do "Correio do Povo", publicou um artigo: "A Crise do PT". Lamento que a Bancada do PT esteja reduzida, mas me permito fazer xerox, e como recebi, com muita satisfação, o de V.Exa., vou remeter a todos os Vereadores para que leiam. No final, o nobre Ver. Hélio Corbellini pede: "Muda PT, para o bem do Brasil!", e eu digo: para o bem de Porto Alegre! Eu, como Vereador novo, debutante, estou muito preocupado com esta Câmara: ontem a Sessão foi suspensa por falta de quórum; os Vereadores foram deselegantes com os colegas que ainda tinham a possibilidade de ocupar a tribuna e não puderam fazê-lo. Estou satisfeito com esse artigo do Ver. Hélio Corbellini porque acho que o PT tem que mudar. Vejo aqui, nesta Câmara, tentativas de obstruir a verdadeira função do Vereador, que foi eleito para trabalhar por Porto Alegre; o salário é pago pelos contribuintes de Porto Alegre, e temos que ser responsáveis e tratar aqui assuntos preferenciais de Porto Alegre. E vejo, com muita tristeza, os nossos Vereadores aqui propondo Sessão para defesa do patrimônio nacional, para falar sobre reeleição e reformas federais. É uma atenção para a nossa Câmara Federal, para com os nossos deputados estaduais. Será que não estamos satisfeitos com os nossos Deputados? ou será que algum de nós já está assumindo a Câmara Federal? Deixamos de tratar de vários assuntos - vou citar apenas alguns. Falamos do cercamento do Parque da Redenção, deixamos da falar sobre a má administração do Parque da Redenção. Não falamos sobre o trânsito de Porto Alegre e das obras pequenas, primárias que a SMT promoveu para este verão, pequeníssimas obras, rótulas, bretes, quando precisamos de obras mais importantes, mais sérias. Não discutimos sobre os viadutos na Protásio Alves com a Ramiro, na Independência com a Ramiro, o alargamento de várias ruas e avenidas desta Capital, obras simples, mas importantíssimas. O alargamento da Vicente da Fontoura, da 24 de Outubro, da Göethe, da Bento, da Ipiranga não é discutido em nossa Câmara, que é o nosso fórum. Somos pagos para isso. Onde está a nossa responsabilidade como Vereadores e com quem nos paga o salário? Às vezes, nobre Presidente, fico até envergonhado com quem está nas galerias, que pagam os impostos enquanto ficamos discutindo assuntos de fora de Porto Alegre. O nosso tempo não é importante? 

 

O Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Estou ouvindo V. Exa. com muita atenção e, na condição de Vereador, queria fazer justiça, do ponto de vista de 8 anos de mandato. Em determinado momento, no início do mandato, em 1989, 1990, fiquei um pouco confuso e até um pouco indignado, mas depois vi que essas questões todas estão entrelaçadas, interagem. Existe muito trabalho nesses assuntos que V. Exa. está falando, não só do Executivo, mas desta Casa, esses problemas do trânsito, de circulação. Existem inúmeras demandas feitas por Vereadores que estão sendo levadas. Se eu pudesse dizer alguma coisa, é que V. Exa. não seja tão pessimista, num certo sentido. Por outro lado, queria responder, brevemente, à questão que V. Exa. colocou como um crime, a existência de 200 mil metros em tramitação na Prefeitura para a sua aprovação de Projetos. Essa é a norma. A norma exige que os Projetos sejam aprovados e eles têm um determinado tempo. Já foi muito maior esse tempo em outros momentos, e ele vem sendo racionalizado. Eu concordo, na condição de arquiteto, que existe necessidade de acelerar muito mais, mas só para fazer justiça, quero dizer que não há nenhuma intenção de tolher o processo construtivo, pelo contrário, a Prefeitura tem feito um esforço para aumentar esse processo de construção. Se não há maior número de empreendimento é porque é um problema de mercado e de distribuição de renda. É só um contraditório a V. Exa.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Agradeço ao nobre Vereador, mas digo que nesse assunto da SMOV há outras questões que devem ser estudadas: falta de funcionários e funcionários mal-remunerados e mal-alocados, e isso pode muito bem ser ajustado, porque, realmente, é vergonhoso para a nossa Cidade que entrando no terceiro milênio esses fatos corriqueiros e primários ainda aconteçam.

Mas nós temos, Srs. Vereadores, pouco tempo, na nossa Câmara, para serem debatidas todas as questões de Porto Alegre e então não podemos mal-utilizar esse tempo para tratar de assunto que não são atinentes a nós. Nós não entramos na questão tributária! O Líder Gerson Almeida diz que o PT tem proposta de reforma tributária nacional, claro que, por decorrência, por evidência e por coerência deve ter uma proposta para a reforma tributária também do Município, porque nós temos impostos inadequados: ISSQN mais caro do Brasil em vários pontos; IPTU elevado; ITBI; Taxa de Lixo por área - temos questões que até nos envergonham e de que tenho conhecimento - taxa d'água progressiva! Temos que rever isso. Isso decorre de empresas fugindo de Porto Alegre, de desemprego, como falou o nobre Ver. Adeli Sell. E o desenvolvimento de Porto Alegre? Nós não estamos tratando disso! O Plano de Desenvolvimento do Município de Porto Alegre, no meu entendimento, é fraco, é muito aquém das possibilidades de Porto Alegre. Nós não estamos falando sobre o turismo, onde temos grandes potencialidades e que o nobre Vereador foi o único que falou, mas a Câmara tem que se posicionar. E o nosso Plano Diretor? E as nossas áreas invadidas? Quanta coisa temos que debater! Srs. Vereadores, o nosso tempo é importante, e nós precisamos ocupá-lo no debate dos temas importantes de Porto Alegre. Lamento o que tem ocorrido - parece assim - para obstruir o tempo de trabalho produtivo desta Câmara, e isso me preocupa e vai preocupar em toda a minha Legislatura. Então, reafirmo o convite feito pelo nobre Ver. Hélio Corbellini em seu artigo de ontem, no "Correio do Povo", "A Crise do PT", em que ele tem a coragem de analisar esta crise e faz um pedido muito forte: "Muda PT, para o bem do Brasil". E eu concluo, incluindo também um pedido: muda PT, para o bem de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Esta Casa não poderia deixar de ver registrada, em seus Anais, uma lembrança de significativa e real importância para o Município. No ano passado, no dia 19 de janeiro, sábado, Porto Alegre, não apenas o Partenon, nem tampouco apenas a Vila São José, o Morro da Cruz, tiveram a infelicidade de perder uma figura por demais conhecida pela sua obra e em todos os sentidos no nosso Município, que foi o Padre Ângelo Costa. Padre Ângelo Costa, italiano, veio para Porto Alegre no início da década de 50 e começou as suas atividades clericais, praticamente, na Paróquia São José. A sua vida foi marcada, portanto, por uma participação numa região definida em Porto Alegre, que foi o Grande Partenon, a Grande São José e o Morro da Cruz, morro em que ele construiu o seu nome: Morro da Cruz. A cruz foi trabalho específico, trabalho de cunho religioso, mas também com repercussão social, justamente desta figura singular que foi o Padre Ângelo. Sobre ele, no "Correio do Povo" de 30 de janeiro, do ano passado, o Irmão Élvio Clemente teceu, através de comentário de sua responsabilidade, palavras. O título é: "E o Morro Chorou". No dia 19 de janeiro encerrava a sua existência o zeloso e abnegado Sacerdote Ângelo Costa, Pároco do Santuário de São José do Murialdo. Estava com 64 anos, quarenta dos quais dedicados às atividades na vinha do Senhor; alguns anos em Ana Reck e, pelo menos, trinta ao sopé do Morro da Cruz.

Foi professor do colégio, professor de Cultura Religiosa na PUC/RS e, sobretudo, devotado às obras sociais, às obras de solidariedade em prol dos necessitados e dos excluídos. Ângelo Costa, aquele jovem deixara nos verdes anos as planícies e colinas da maravilhosa Vicenza, flor do Vêneto, viria ao Brasil para concluir os estudos que o levaram ao sacerdócio e ao magistério na Congregação dos Josefinos de Murialdo. Os ideais missionários lhe aceleraram os passos nos caminhos da seara do Senhor, os jovens, as crianças, os pobres, os favelados, todas as pessoas sedentas de amor e famintas da verdade; Padre Ângelo, nas lides, na obra de São José de Murialdo, na escola, tipografia, assistência social, posto de saúde, posto de orientação para o estudo, para o trabalho, para a vida. O Morro da Cruz, já consagrado pelo esforço heróico do Padre Cornélio Todesco, recebeu do Padre Ângelo um estímulo enorme com a edificação da cruz lá no topo, com a casa de assistência lá no alto. A Sexta-Feira Santa unia todo o povo para a solene via-sacra representada ao vivo por gente da Vila São José, aquelas cenas pungentes a se produzirem não só naquelas horas da caminhada do novo calvário, mas nas horas duras e sombrias do crime, na repressão das contravenções. O Morro da Cruz, a Cruz do Morro, Padre Ângelo, Ângelo da paz, da harmonia, da conciliação, não admitiu o erro, não consentiu o crime, mas tinha a alma aberta ao criminoso e ao pecador. Na sexta-feira à noite; no sábado, até às 13h, tanta gente a rezar, tantos a desfilar perante aquele corpo inanimado de olhar apagado, comandando, porém, a vida daquela gente de todas as classes sociais. Padre Ângelo era dos pobres, Padre Ângelo era dos ricos, Padre Ângelo era de todos, para o bem de todos. Ao repicar triste dos sinos no dia 19 de janeiro, às 13h, o Morro chorou. Há esperança de Padre Ângelo continuar a ser o anjo do Morro da Cruz.

Esta Casa não poderia deixar de prestar uma homenagem a essa figura singular que construiu boa parte do Morro da Cruz, mas não apenas do Morro da Cruz. Soube, também, levar, através do rádio, por exemplo, mensagens que ajudaram a melhorar significativamente a alma, não só daqueles paroquianos que o cercavam em torno da Igreja de São José do Murialdo, mas de toda a Porto Alegre, e com maior alcance até. Afora isso, a procissão do Morro da Cruz é, hoje, um evento religioso, sem dúvida, mas também de caráter social, que marca expressivamente a nossa Capital. É um outro dado para lembrar essa figura que foi singular, doce, cândida, e no entanto enérgica, em seus princípios, em sua vontade. Hoje, nós contamos com o Pároco Lauri. Ele sabe que o seu trabalho é um trabalho hercúleo, que exige dele muito empenho, porque antes dele estava, exatamente, a figura do Padre Ângelo. Mas, o Padre Lauri tem dado, ao longo desse um ano e meio em que está na direção da Paróquia de São José do Murialdo, mostras claras de que também porá o empenho e a qualidade necessários para bem desenvolver sua missão religiosa, sua missão social naquela área da Grande São José.

"O tempo parou", diz a "Zero Hora", de domingo, 4 de fevereiro do ano passado. O tempo parou desde 19 de janeiro nos cinco relógios que estão na sala reservada ao titular da Paróquia de São José do Murialdo. Se o tempo parou, se a voz do nosso amigo, do nosso companheiro, do nosso orientador se calou, as mensagens e o exemplo que ele deixou estão aí, não apenas para o Morro da Cruz, para São José, para o Partenon, para Porto Alegre, mas para todos aqueles que têm o espírito aberto, que têm a alma pronta para o bem comum e que querem o bem de todos, e é assim esse exemplo grande de amor ao próximo e à humanidade que nós sintetizamos toda a mensagem desse que hoje reverenciamos e lembramos, que é o Padre Ângelo Costa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Lê.) “Esta Casa foi sede, através de Comissão Especial, numa elogiosa iniciativa da Verª Helena Bonumá, de um estudo sobre Trabalho Infantil na Cidade de Porto Alegre. Felizmente, as conclusões a que chegaram mostraram o esforço, o método correto e a criatividade das iniciativas propostas, às quais queremos nos reportar, cobrar, renová-la, fortalecê-las, sob pena deste trabalho precioso, que teve a importante participação das Vereadoras Helena Bonumá e Clênia Maranhão - no relatório final - não surtir, na prática, os efeitos desejados após esta longa busca e dos quais a nossa sociedade reclama de forma tão carente. Gostaríamos de salientar o conteúdo das conclusões, em especial a sugestão de parceria com instituições estaduais e privadas, em vários níveis, incluindo a:

- formação de um comitê permanente inter-setorial;

- formação de grupo de trabalho;

- participação do Ministério Público e Juizado da Infância e Juventude;

- fiscalização pela SMIC e DRT;

- divulgação da sede de recepção das denúncias;

- participação do legislativo na campanha "lugar de criança é na escola";

- articularem-se, Município e Estado na pesquisa da realidade de Porto Alegre; etc.

 

A propósito, os periódicos brasileiros vem dando ênfase aos trabalhos estatísticos do IBGE, que estão denunciando a existência de 247.428 crianças entre 10 e 14 anos (125 mil na cidade e 121 mil no campo). Ao nosso lado, em Santa Catarina, 138 mil menores trabalham.

O Presidente Fernando Henrique Cardoso enviou recentemente, ao Congresso nacional, a proposta de emenda Constitucional que proíbe o trabalho para menores de 14 anos, incondicionalmente. Hoje a Constituição permite que o menor, com a idade entre 12 e 14 anos trabalhe na condição de aprendiz.

Nosso Presidente lançará, além disto, dia 24 em Cabo Santo Agostinho, a 50km de Recife, PE, onde trabalham 40 mil menores, de 7 a 14 anos, em situação de grande exploração na região canavieira, programa de erradicação do trabalho infantil - Criança na Escola que se estenderá a 44 cidades até o final do primeiro semestre, seja por meio da bolsa educação (50 reais), ou 150 reais (caso a família tenha mais de 3 filhos), obrigando-os a uma freqüência escolar superior a 80% das atividades letivas, esportivas, lazer e cursos de iniciação profissional, a longo prazo, com intensa participação da família, fator essencial para o sucesso da iniciativa.”

 

O SR. ADELI SELL (Questão de Ordem): Creio que é importante lembrar o que está sendo feito pelo Governador do Distrito Federal Cristóvão Buarque, dando a chamada Bolsa Escola para as famílias carentes que garantam que as crianças dos 7 aos 14 anos estejam na Escola. É um projeto muito importante que estamos fazendo lá que vai resolver as graves questões colocadas pelo nobre Vereador. Aqui está sendo feito o chamado Sinal Verde, pela Administração de Porto Alegre.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Inclusive, estamos cobrando da Câmara Municipal e do Executivo o Projeto Sinal Verde, onde está o programa e por que não está sendo cumprido?

“As causas do trabalho infantil quando estas crianças deveriam freqüentar plenamente as atividades escolares, são muitas e complexas:

- pobreza,

- exploração econômica,

- valores sociais deturpados,

- circunstâncias culturais; apenas para citar as mais emergentes.

 

Nós mesmos, como monografia de conclusão de curso de Medicina do trabalho na UFRGS, pós graduação, surpreendemos a terceirização de alguns tempos de fabricação de calçados pelas indústrias que credenciam "ateliers", onde crianças trabalham.  Mas também os menores trabalham em oficinas, plantações, minas, pedreiras, bordéis, nas ruas como jornaleiros, flanelinhas, engraxates, lavadores de automóveis, construção civil, tarefas domésticas, não raro penosas, humilhantes, com exploração sexual incluída no contrato apalavrado de trabalho.

Por isto, é impositivo, que seja, compulsoriamente, exigida como forma de prevenção, o ensino primário gratuito obrigatório, a ampliação da proteção legal e o registro obrigatório de todas as crianças, as iniciativas do Estado reprimindo este tipo desumano de exploração.

Dentro do elenco das medidas acima citadas, permita, Sr. Presidente, realçar o trabalho do Deputado Nelson Marchezan, PSDB-RS, cujo projeto, com o irrestrito apoio do Sr. Presidente da República, que institui o Programa de Renda Mínima Familiar e de promoção Sócio-Educativa a crianças e adolescentes em situação de risco social (como as referidas no presente pronunciamento), visa criar mecanismos capazes de assegurar a permanência destas crianças na escola e permitir a continuidade da orientação sócio-educativa no período extra-escolar.

Sem dúvida tais projetos são preocupações do Governo Federal e do PSDB, com a Educação e a assistência ao menor no País, instrumentos de reparação das injustiças sociais e de redistribuição de riqueza. Tais situações, como o trabalho sem remuneração, impossibilidade de freqüentar escola, alta incidência de crianças abandonando as aulas nos primeiros meses de alfabetização, desnutrição, raquitismo, agressões ao aparelho respiratório, são minimizadas ou banidas com a coragem da adoção das medidas preventivas citadas.

O Brasil, segundo estatísticas da UNICEF detém o triste registro de 3.5 milhões de crianças submetidas a trabalho aviltante, que por sua natureza rudimentar ou pela impossibilidade de comparecimento à escola, com a finalidade de aumentar a renda familiar, arriscando-se a inutilizar-se em acidentes de trabalho, total ou parcialmente, ou a morrer.

Temos que agir contra a nossa cultura, de um país que, mesmo a partir de outubro de 1994 tenha passado a integrar o bloco do primeiro mundo, é prenhe de zonas subdesenvolvidas onde o trabalho da criança é estimulado pela própria família e o analfabetismo é aceito como conseqüência corriqueira, quase natural. Graças a convenções internacionais de Direito da Criança, a ONU, por sua ação, conseguiu-se atingir a 96% da cifra de crianças que vivem em países obrigados a protegê-las em seus direitos humanos e sociais. No entanto, uma em cada quatro crianças de países em desenvolvimento (dependentes) trabalham, em detrimento de um processo educacional.

Esta grave nódoa social deve ser banida, Sr. Presidente. A iniciativa é de nossa sociedade, independente da grei partidária de cada um de nós. Inclusive, na felicidade das conclusões do Relatório da Comissão Especial é indispensável buscar parcerias. Como sugestão à Casa, ficam as assinaturas de convênios entre a PMPA e a  UFRGS para que seja feita uma pesquisa científica, buscando o diagnóstico fiel de mais esta faceta de nossa realidade social, que a Câmara Municipal desencadeie uma campanha sob o rótulo "lugar de criança é na escola", como participação marcante, e que não se deixe cair no esquecimento este assunto, da mais alta gravidade, desarquivando seu relatório e instalando-se nova Comissão, sob pena de termos que "explicar" às futuras gerações, o que fizemos com as nossas crianças, assim desgraçadas e ironicamente chamadas de "futuro do Brasil". Muito obrigado.”

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convocamos os Srs. Vereadores para a próxima Sessão em horário regimental.

 

(Encerra-se a Reunião às 12h17min.)

 

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